Seja indomável em meio ao caos.

Rafaela Caldardo
3 min readJun 18, 2021

Eu sigo algumas contas no Instagram que falam bastante sobre empoderamento, poder feminino, autoconsciência, entre outros assuntos relacionados. Por coincidência, na mesma semana, duas marcas que eu admiro e acompanho muito indicaram a leitura do livro “Indomável”, da autora americana Glennon Doyle. Como eu já tenho muitos títulos ainda não lidos na minha estante, hesitei por um momento antes de tomar a decisão de começar essa nova leitura.

Causando certa surpresa, eu me apaixonei pelo novo livro logo no prólogo. O impacto que as primeiras palavras de Doyle tiveram em mim foi algo ensurdecedor. A metáfora que dá início à história é bem forte e pode adquirir os mais diversos significados de acordo com as vivências de quem o lê.

Assim que comecei o primeiro capítulo, um sentimento de identificação surgiu dentro de mim quase de forma automática, visto que a autora conta um pouco sobre como se descobriu LGBTIQ+, comunidade da qual eu também faço parte. Além disso, ela fala muito sobre como suas experiências pessoais a fizeram tomar a decisão de nunca mais se abandonar, algo que também tocou no meu íntimo. Eu já me coloquei em situações dentro de relacionamentos abusivos nas quais eu me anulava em prol do bem estar da outra pessoa, e isso acabou destruindo todo o já escasso amor e respeito que eu sentia por mim mesma. Mesmo que hoje eu esteja em um relacionamento saudável, alguns gatilhos em determinadas situações ainda ativam esses traumas anteriores, e entender como Doyle lida com as próprias experiências e consegue sempre sobreviver ao dia seguinte, é um combustível diário de esperança para mim.

A história continua, através de crônicas curtas com títulos curiosos, o que só atiça o interesse do leitor para descobrir sobre o que será tratado no capítulo seguinte.

Um outro assunto que se destaca para mim, são as partes em que Doyle se dedica a falar sobre a maternidade. Ela conta sobre como ter filhos a impulsionou a buscar uma vida melhor para si mesma, para que ela pudesse cuidar dos integrantes novos de sua família de maneira mais digna. Eu, particularmente, sinto vontade de ser mãe, mas não em um futuro tão breve. Sempre tive mais medo da maternidade do que curiosidade, pois sei o quanto a qualidade da infância de uma criança influencia a pessoa que ela se tornará no futuro. Porém, através da leitura desse livro, a minha visão de ser mãe se modificou completamente. Eu também acreditava que, quando se tem filhos, você precisa abrir mão dos próprios sonhos e vontades para se dedicar completamente a cuidar daquela(s) criança(s). Essa concepção é algo que sempre me assustou, visto que eu ainda quero fazer muita coisa nessa vida, como viajar, explorar diferentes culturas, entre outros desejos. Quando Doyle nos apresenta uma visão totalmente diferente, é um alívio saber que existem outras possibilidades de lidar com a maternidade, separando a “mulher” da “mãe”.

Eu tive também algumas “explosões mentais” nos capítulos em que a autora expõe a sua visão sobre Deus e sobre religião. Assim como ela, eu cresci em uma família cristã, tendo feito parte da Igreja Católica por 20 anos. Nunca concordei com tudo o que era dito durante as missas e os encontros de jovens, mas nunca ousei questionar, pois não queria ser taxada de “má cristã” ou nomes similares. Porém, o livro nos apresenta alguns questionamentos da autora aos líderes religiosos de sua cidade e explica quais conclusões ela tirou dessas conversas e de suas pesquisas independentes, o que me causou uma enorme e agradável surpresa.

Acredito que esses sejam os pontos principais acerca do livro que me fazem considerá-lo como o meu favorito do momento. Eu o devorei em menos de um mês e fiquei com muitas reflexões na cabeça sobre os questionamentos da autora em vários assuntos relevantes. Apesar de não ser um livro de autoajuda, ele nos ensina a contestar a sociedade em que vivemos e todas as suas regras. Doyle destaca a força em ser mulher e que todas nós somos capazes de nos libertar das amarras sociais para que possamos focar em sentir, pensar e viver como um verdadeiro ser humano.

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Rafaela Caldardo

A Product Designer and writer from Brazil who wants to change the world.